sexta-feira, 16 de março de 2012

Associativismo fortalece artesanato de agricultoras do sertão baiano


Ainda criança, a agricultora Brilza Ferreira da Silva aprendeu com sua mãe a tecer redes, tapetes e bolsas, usando fiapo de algodão. A atividade é uma tradição entre as mulheres da comunidade Pimentel, situada no município de Ribeira do Amparo, a 268 quilômetros de Salvador. Na localidade a economia se apoia no cultivo de milho, feijão e caju. As peças feitas à mão, e comercializadas em feiras municipais da região, são um complemento para a renda durante a entressafra.

Com ajuda da técnica social da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), órgão vinculado à Secretaria da Agricultura (Seagri), Lucivan de Souza, as mulheres da comunidade se reuniram para aperfeiçoar as técnicas e fortalecer sua produção. A atuação dela na comunidade começou em 2003, através do ‘Prorenda Bahia’, programa do governo estadual com colaboração da Sociedade Alemã de Cooperação Técnica (GTZ), que incentivava a geração de renda no campo.

Lucivan explica que a sua principal contribuição foi unir a comunidade. “Quando iniciei o trabalho, há quase dez anos, encontrei uma comunidade sem organização, com indivíduos isolados, produzindo e comercializando solitariamente. Trouxe o curso de associativismo, e auxiliei na estruturação da Associação de Pequenos Produtores de Pimentel e do Grupo das Mulheres Artesãs. Tenho orgulho desse trabalho, que resultou numa comunidade mais forte e independente”, lembra.

Durante o convívio, a própria comunidade expôs suas expectativas, que foram viabilizadas pelo trabalho de Lucivan. As artesãs mais habilidosas participaram de cursos e fizeram intercâmbios em outras comunidades para aprimorar a técnica e o design dos produtos. “O grupo se reunia dois dias por semana para tecer, na igrejinha da comunidade, uma ensinava para outra aquilo que sabia. Eu e minha filha também participamos do curso e aprendemos a fazer muitos pontos novos”, explicou Brilza Ferreira, que também se transformou em multiplicadora das novas técnicas.

Para fazer uma rede sozinha, uma artesã leva cerca de oito dias. “Juntas, o trabalho é mais rápido e muito mais animado: quem não sabe tecer, ajuda a torcer o fiapo, fazer o novelo, fabricar os punhos. O que importa é a contribuição”, explica a artesã Maria do Socorro de Lima Ferreira, mais conhecida como Railda.

Com recursos do Prorenda, foram adquiridos oito teares, fabricados na própria comunidade pelo agricultor Roque Ferreira de Matos, pai de Railda. As redes, mantas, bolsas e tapetes começaram a fazer sucesso nos eventos e exposições da agricultura familiar em cidades próximas, como Cícero Dantas, Cipó e Santa Bárbara.

Para jovens mulheres da comunidade que não se identificam com o trabalho com fiapo, a EBDA ofereceu cursos sobre outros tipos de artesanato, como o bordado à mão, biscuit e costura. Com a capacitação, elas passaram a fabricar e vender bonecas de pano, jogos de cama e peças decorativas que aumentaram sua renda familiar. Como suas mães, essas jovens também se reuniam para trocar experiências e trabalhar juntas.

“Por falta de uma sede própria para a associação, nossos encontros semanais foram interrompidos. Continuamos a fazer os trabalhos, mas agora cada uma em sua casa. Nosso objetivo é retornar quando o prédio, que está em construção, ficar pronto; assim vamos fortalecer ainda mais o artesanato de Pimentel”, declarou Railda.

O Prorenda acabou, mas Lucivan continua assistindo a comunidade e acreditando no talento e na organização das mulheres. “O plano agora é buscar, através do Pronaf Mulher, recursos para aquisição de material e incremento da produção, para que elas tenham volume e força para atender outros mercados”, garante a técnica.


Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri)
Assessoria de Imprensa

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