A presidente Dilma Rousseff procura a reconciliação com o PR, o partido mais atingido na recente 'faxina' implementada na Esplanada dos Ministérios. Na semana em que a presidente se reuniu com os partidos aliados e o PR declarou independência, coube à ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, abrir a porta para promover a volta do partido à base. O convite, em nome do governo, ainda não foi aceito nem rejeitado pelo PR. A legenda quer um tempo de 'maturação' antes de responder se voltará.

'Foi um gesto de valorização do partido. A partir desse convite, a discussão está aberta no PR, mas não há pressa para tomar decisão', afirmou o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), que se reuniu com a ministra por uma hora, ontem, junto com o deputado Luciano Castro (PR-RR), vice-líder do governo.

A saída do PR da base foi anunciada na terça-feira em discurso do presidente da legenda no Senado, senador Alfredo Nascimento (AM), ex-ministro dos Transportes, que deixou o cargo na esteira das denúncias envolvendo a Pasta. Na quarta-feira, o PR na Câmara estreou na nova posição, votando contra a orientação do governo durante análise no plenário da medida provisória que muda a estrutura dos Correios.

Do total de 32 deputados do PR que participaram da sessão, apenas Luciano Castro (RR) votou com o governo. Houve uma abstenção na bancada e 30 votos contrários aos que pretendia o Palácio do Planalto, mostrando a unidade do partido. Essa votação foi lembrada pela ministra Ideli no encontro com os deputados do PR, hoje.

Portela lembrou a ministra que o partido tomou a decisão de sair da base e adotar uma linha de independência depois de várias conversas que levaram 45 dias. Agora, esse mesmo processo terá de se repetir para avaliar se o partido voltará ou não para a base. 'A decisão é colegiada', disse o líder Portela.

O deputado Luciano Castro considerou a conversa com a ministra como uma reaproximação, sem, no entanto, haver nada concreto. Para contornar a insatisfação do PR, o deputado afirma que será necessário um amadurecimento maior como governo. 'É um começo, mas não significa muita coisa hoje', disse. Castro reafirmou que a principal insatisfação do partido foi com ao tratamento dado ao partido no episódio do ministério dos Transportes.

'O governo de alguma forma tem de reparar isso e começa com a presidente chamando o partido para uma conversa', afirmou. No caso do ministério dos Transportes, a presidente Dilma atuou diretamente, demitindo os envolvidos em suposta corrupção, ao contrário do que ocorreu no Ministério da Agricultura, também atingido por denúncias de corrupção.

Fonte: Estadão