terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Sucessão na Coreia do Norte foi preparada em longo prazo


A morte do líder norte-coreano Kim Jong-Il abre um período de incertezas, mas os analistas descartam a possibilidade de maiores turbulências para o regime estalinista, que prepara há dois anos a entronização de seu filho mais novo, Kim Jong-Un, confirmada oficialmente nesta segunda-feira (19).

A morte do "Querido Líder" coloca Kim Jong-Un, que tem menos de 30 anos, à frente da República Popular Democrática da Coreia (RPDC), a única dinastia comunista do mundo.

Em um país em que o hermetismo raramente falha e que detém armas nucleares, muitas questões são levantadas.

Mas essa sucessão, feita em pequenos passos e acelerada após o acidente vascular cerebral de Kim Jong-Il em 2008, não deve conduzir a uma "crise imediata na política interna e política externa", afirmou Paik Hak-Soon, do Sejong Institute, um "think tank" com sede em Seul.

A imprensa oficial já proclamou o novo líder de um estado compartilhado por uma nomenclatura privilegiada e de massas indigentes que sofrem com a fome.

A agência de notícias KCNA pediu que "todos os membros do Partido (dos trabalhadores), os militares e o povo (...) respeitem a autoridade do camarada Kim Jong-Un."

Estas declarações mostram que "Jong-Un já está firme no controle e que todos os funcionários que dependiam de Kim Jong-Il decidiram nas últimas 48 horas dar apoio a Jong-Un como o novo líder", disse Paik

Gestores norte-coreanos acrescentam: "já organizamos tudo e o sistema parece estável. A era Kim Jong-Un já começou."

Para Baek Seung-Joo, do Instituto Coreano de Análises Militares, o Norte organizou perfeitamente a sucessão.

"Por algum tempo, os militares e a família de Kim vão se esforçar para confirmar Kim Jong-Un (em seu papel) como líder e se reunirão em torno dele", acredita.

O jovem Kim, impulsionado nos últimos anos para cargos políticos e militares, "não deve se envolver em mudanças políticas drásticas, uma vez que irá procurar estabelecer sua autoridade".

"Ele tentará dividir o poder ou selar uma aliança estratégica com os líderes do exército", acrescentou o pesquisador, sem excluir que podem ocorrer "disputas pelo poder no futuro".

Em relação à política externa, o regime não tem interesse em remodelar sua conduta, já que novos diálogos diretos entre Pyongyang e Washington sugerem um possível relaxamento, após anos de tensões, sobre o programa nuclear da Coréia do Norte.

A Coréia do Norte, afirmou Kim Tae-Hyun, professor da Universidade Chung-Ang, em Seul, "precisa de muita ajuda e alimento diário para seu povo ao se aproximar um aniversário político importante", em 2012 marcará o centenário do nascimento de Kim Il-Sung, o fundador do RPDC e avô de Kim Jong-Un.

No dia do anúncio da morte de Kim, a imprensa sul-coreana informou que a Coréia do Norte concordou em suspender seu programa de enriquecimento de urânio para fins militares, um pré-requisito fixado pelos Estados Unidos para retomar negociações sobre o desarmamento e a ajuda alimentar.

Esta informação resultou de uma intensificação de contatos diplomáticos entre Pyongyang, Washington e outros países envolvidos para uma possível retomada das negociações entre os Seis (as duas Coreias, EUA, Rússia, China, Japão) sobre a desnuclearização do Norte.

Essas discussões são destinadas a persuadir Pyongyang a abandonar suas ambições nucleares em troca de ajuda energética e alimentar. Elas estão paralisadas desde dezembro de 2008.

Os norte-coreanos "provavelmente vão se manifestar para retomar as negociações com os Estados Unidos no final do luto", disse Baek Seung-Joo.

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