quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Brasileiro que participará de conclave diz não haver favoritos

Papa Bento XVI acena para os fiéis pela última vez da sacada de sua residência de verão em Castel Gandolfo - Tony Gentile/Reuters

Com a despedida de Bento XVI, que deixou o Vaticano nesta quinta-feira, as atenções se voltam para o conclave que elegerá o próximo papa. Será um período de especulações sobre quais cardeais têm mais chance de serem escolhidos. Mas o cenário de 2013 é bem diferente do de 2005, quando Joseph Ratzinger foi eleito. Na avaliação de dom Geraldo Majella Agnelo, arcebispo emérito de Salvador, desta vez não há um nome que sobressaia.
“Na eleição de Bento XVI, estava claro que um dos cardeais teve um tempo maior de exercício, trabalhou mais em uma congregação mais importante. Bento XVI sobressaía. Ele conhecia melhor do que ninguém as alegrias e as dificuldades da Igreja, e isso instintivamente os cardeais eleitores perceberam. Agora não temos ninguém que sobressaia. Estão todos mais ou menos nivelados”, afirmou, em entrevista coletiva.
O cardeal brasileiro, que viajou a Roma para acompanhar os últimos momentos de Bento XVI como papa, disse que conhece muitos cardeais. “Alguns chamam a atenção. São pessoas que têm qualidades que eu julgo necessárias para poder assumir a missão”, afirmou, sem citar nomes ou nacionalidades.
Ele é um dos cinco brasileiros com direito a voto no conclave. Os demais são o arcebispo emérito de São Paulo dom Claudio Hummes; o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer; o prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica no Vaticano, dom João Braz de Aviz; e o arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dom Raymundo Damasceno.
Dom Agnelo deu alguns detalhes sobre o processo para escolha do novo papa. Contou que os cardeais acordam por volta das seis horas da manhã e participam da missa diária. Depois do café da manhã, por volta das oito horas, começam os preparativos para o escrutínio. “Não temos contato nenhum com meios de comunicação, internet, nada. Ficamos isolados”.
Segundo ele, à medida que as votações vão sendo realizadas, fica mais claro quem tem a preferência dos cardeais. O novo nome só é definido com maioria de dois terços dos votos dos presentes ao conclave. “No primeiro escrutínio, teremos uma dispersão muito grande de votos”, disse. “No segundo, muitos ficam de lado”.
Papa brasileiro? – Questionado sobre a possibilidade de o futuro papa ser brasileiro, dom Agnelo negou que os cardeais tenham em seu radar a nacionalidade do próximo pontífice. “Não existe essa conversa de ‘vamos eleger um papa com este perfil’ e ninguém vai apresentar um candidato. Não há preocupação com a procedência do papa.”
Sobre a possibilidade de um papa mais "progressista", Dom Agnelo disse que a posição da Igreja Católica está sempre de acordo com “os mandamentos da lei de Deus”. “O papa tem que ser fiel ao evangelho, ele não pode dizer, por exemplo, que de hoje em diante o aborto fica à vontade. Isso não vai acontecer, mesmo que o mundo inteiro diga que vai acontecer. Ele também não vai dizer que o divórcio possibilita uma nova união sacramental”.
Despedida – Na manhã desta quinta, Bento XVI despediu-se de 144 cardeais antes de deixar o Vaticano. Cada um teve a oportunidade de trocar breves palavras individualmente com o papa. Dom Agnelo contou que Ratzinger lembrou quando os dois foram vizinhos em uma residência do Vaticano e se viam todos os dias. “Isso significa que ele conhece e sabe com quem está falando. Para mim foi muito interessante. Aprecio e admiro muito Bento XVI”.
No total, 115 cardeais devem participar do conclave. Eles serão convocados oficialmente nesta sexta-feira e há a possibilidade de já estar definida a data do conclave no documento que será encaminhado aos cardeais pelo decano Angelo Sodano. A partir da próxima semana terão início as reuniões preparatórias


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