O primeiro-ministro grego, George Papandreou, participa nesta quinta-feira de uma reunião de emergência de seu gabinete. Realizado em meio a uma grave crise política, aprofundada pela divisão em torno do referendo sobre o pacote de ajuda europeu, o encontro deverá decidir o futuro do governo de Papandreou.
Nesta quinta-feira, foram divulgados relatos conflitantes sobre a situação do premiê. Enquanto fontes ligadas ao governo chegaram a dizer à BBC que Papandreou renunciaria ao cargo, a TV estatal grega informou que o primeiro-ministro, durante a reunião de gabinete, teria dito que ficaria no cargo.
Há relatos de que os ministros estão pressionando Papandreou a deixar o poder, abrindo espaço para um governo de união nacional, com o ex-presidente do Banco Central grego Lucas Papademos à sua frente.
O governo grego se encontra à beira do colapso, depois que quatro ministros, incluindo o ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, afirmaram que não apoiam o plano de Papandreou de realizar um referendo popular sobre o último pacote de ajuda financeira ao país aprovado pela União Europeia.
Além disso, pelo menos três deputados da situação devem votar contra Papandreou em uma votação de desconfiança que o governo enfrentará nesta sexta-feira.
Como a maioria controlada pelo governo é magra - 152 cadeiras de um total de 300 -, a deserção mesmo de três deputados significaria o fim da linha para o governo de Papandreou.
Sem a confiança do Parlamento, o gabinete será dissolvido e novas eleições serão convocadas.
Referendo
O governo está dividido entre realizar ou não o referendo. A data da votação ainda não foi definida, mas a ideia é que seja no início de dezembro.
No entanto, o eventual fim do governo de Papandreou interromperia os planos.
Para Venizelos, a participação da Grécia na zona do euro é uma conquista histórica e não pode depender de um referendo.
'Se queremos proteger o país precisamos, com unidade nacional e seriedade política, implementar sem demora as decisões tomadas no dia 28 de outubro', afirmou o ministro, através de um comunicado divulgado nesta quinta-feira.
Naquela data, os países da zona do euro concordaram em conceder à Grécia um segundo pacote de ajuda no valor de 130 bilhões de euros. Os bancos privados concordariam em perdoar 50% da dívida grega em seu poder.
Em troca, a Grécia teria de cumprir metas de austeridade que incluiriam o corte de salários e a demissão de funcionários públicos.
O ministro do Desenvolvimento, Michalis Chryssohoidis, que também se rebelou contra o governo, disse que a prioridade do país deve ser supervisionar a ratificação pelo Parlamento do acordo de ajuda fechado com a União Europeia (UE).
Destino dentro da UE
Exercendo pressão sobre o governo grego, a Comissão Europeia disse nesta quinta-feira que os tratados da União Europeia E 'não preveem a saída da zona do euro sem sair da UE'.
Nessa quarta-feira, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, decidiram interromper a ajuda financeira à Grécia até o resultado do referendo.
Diversos deputados do partido do governo, o socialista Pasok, pediram que a decisão sobre aceitar ou não os termos de ajuda seja do Parlamento.
A crise grega promete ofuscar o encontro do G20, o grupo dos principais países industrializados e emergentes, que começa nesta quinta-feira em Cannes, na França.
Os líderes da zona do euro queriam apresentar um plano de ação definitivo para solucionar a crise grega, que incluísse o aporte de países emergentes, como a China e o Brasil, para expandir o Fundo Europeu de Estabilização Financeira.
Fonte: BBC Brasil
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