sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Lupi admite ter usado avião de diretor de ONG mas se atrapalha na defesa




O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, afirmou nesta quinta-feira em audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS), que “tem o direito constitucional” de se defender das denúncias de irregularidades na pasta. “Queria que as pessoas pudessem me ouvir do início ao fim. Eu não tenho o que esconder. Está tudo nas notas taquigráficas, é só apurar”, destacou. É a segunda vez que o ministro comparece no Congresso Nacional para se explicar, porém, desta vez ele foi convocado pela oposição e não voluntário. Naquela ocasião, o ministro desmentiu as acusações.

Em resposta às acusação de que Lupi teria viajado ao Maranhão, em 2009, em um avião providenciado por um diretor da ONG Pró-Cerrado, Adair Meira - que possui contrato com o Trabalho - o ministro admitiu que voou no avião King Air. Lupi afirmou que no primeiro depoimento dado por ele no Congresso, estava “sob forte pressão de deputados da oposição” e, portanto, “não se lembrou naquele momento que viajara naquela aeronave”. Segundo ele, faz parte da correria da vida política entrar em carros, aviões e helicópteros, sem saber quem são os referidos proprietários. "Nunca neguei que conheço Adair Meira", pontuou.

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) rebateu, dizendo que o ministro do Trabalho mentiu na semana passada durante audiência na Câmara dos Deputados. "Todos ouviram Vossa Excelência afirmar que não usou o avião. Agora diz que viajou. Vossa Excelência subestima a inteligência dos brasileiros. Sua permanência no ministério compromete o governo de Dilma Rousseff", declarou o tucano.

Lupi sugeriu ainda que as falas ditas por ele na semana passada em relação a Adair Meira foram distorciadas pela imprensa. "Eu disse que não tenho nenhuma relação pessoal com Adair Meira. Não sou amigo dele. Já devo tê-lo encontrado. Mas não disse que não o conheço. É diferente. Vejam as notas taquigráficas da Câmara", afirmou o ministro.

A senadora Marinor Brito (PSOL/PA), se exaltou ao criticar a série de denúncias que levaram à queda de seis ministro do governo Dilma. Segundo ela, nota-se um “interesse mesquinho das relações promíscuas que o governo tem tido com os partidos”. “Tem gente morrendo de fome lá no meu estado, morrendo de malária. Enquanto eu estiver aqui, eu não vou negligenciar a minha função”, gritou ao microfone. Para ela, a diretora de qualificação da pasta, Ana Paula Silva, envolvida nas denúncias no Trabalho, deveria ser exonerada e a presidente Dilma também deveria se retratar, caso confie em Lupi. “A Dilma acreditou no senhor? O senhor vai exonerar a Ana Paula?”, desafiou Marinor Brito.


Por outro lado, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), colega de partido do ministro, recomendou que Lupi evite se expor e que confie no trabalho da Controladoria Geral da União (CGU), que cuida das suspeitas que foram levantadas. Para ele, o PDT deveria recuar e não sugerir um novo nome para o cargo no Trabalho. De acordo com Buarque, a atuação de Lupi no governo "cresceu ao longo dos anos" e, ainda segundo o senador, o ′amigo` pedetista não é acusado de multiplicação ilícita de patrimônio, como ocorreu na ocasião da queda do ex-ministro petista Antonio Palocci. "É sintomático que o PT não esteja nesta audiência hoje", ponderou.

Entenda o caso

O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, tornou-se a "bola da vez" na primeira quinzena de novembro deste ano, quando a Revista Veja publicou matéria sobre o envolvimento de funcionários e ex-servidores da pasta em um esquema de cobrança de propinas queteria beneficiado o PDT.

Na última semana, a mesma publicação trouxe nova denúncia, de que Lupi viajou em um jatinho particular que teria sido providenciado pelo empresário Adair Meira, dono de organizações não governamentais (ONGs) que têm contratos com o Ministério do Trabalho.

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