O economista Lucas Papademos terá como apoio o primeiro governo desde 1974 que conta com ministros dos dois principais partidos gregos
A Grécia tem, a partir desta sexta-feira (11), um novo primeiro-ministro. O economista Lucas Papademos, cujo nome foi definido na quinta-feira pelos principais partidos políticos gregos, fez seu juramento nesta sexta e assumiu oficialmente a missão de tirar a Grécia da grave crise política e econômica que enfrenta há mais de um ano.
Papademos, ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) e doutor em economia, assumiu o comando do país justamente por conta de sua grande experiência na área econômica. Ele tem duas missões para completar antes das eleições de 19 de janeiro, que escolherão um novo parlamento e um novo primeiro-ministro. O objetivo inicial de Papademos é convencer a União Europeia a liberar a parcela de 8 bilhões do empréstimo que foi retida depois que o premiê anterior, Georgios Papandreou, anunciou a realização de um referendo. Papandreou queria que a população grega decidisse se aceitava ou não o pacote de 130 bilhões de euros acordado entre a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) para estancar de vez a crise grega. A liberação não deve ser difícil e pode ocorrer neste fim de semana ou na semana que vem, depois que o Parlamento der um voto de confiança ao novo gabinete, o que deve ocorrer na segunda-feira. A segunda de Papademos é a fundamental. Ele terá que garantir que a Grécia vai implantar o acordo acertado com a UE e o FMI, que inclui novas reformas de austeridade e medidas para estimular a economia. Em troca, metade da dívida grega deve ser perdoada.
Para realizar esta tarefa, que muitos analistas consideram como a mais difícil da Europa no momento, Papademos terá atrás de si um governo de coalizão. A maior parte dos ministros (13) é do Pasok, o partido socialista de Papandreou, que venceu as últimas eleições, mas que perdeu apoio político ao aplicar as duras reformas impostas pelo FMI, pela UE e pelo BCE. Dois ministérios estão com o conservador Nova Democracia, principal grupo de oposição: o da Defesa, com Dimitris Avramopoulos, e o das Relações Exteriores, com Stavros Dimas. O partido nacionalista LAOS também foi contemplado com um ministério. A coalizão ainda favorece o Pasok, mas é muito significativa pois está é a primeira vez desde o fim da ditadura na Grécia, em 1974, que os dois principais partidos concordaram em formar um governo de união.
O nome mais importante do ministério também é de um tecnocrata. É o de Evangelos Venizelos, que seguirá como ministro das Finanças e vice-primeiro-ministro. Ele é o homem que vinha negociando os empréstimos para a Grécia diante da UE e do FMI e mostrou sua importância na crise que derrubou Papandreou. Venizelos foi um dos primeiros ministros a mostrar indignação com o fato de não ter sido informado sobre o referendo e logo anunciou a retirada de seu apoio a Papandreou.
Papandreou renunciou após pressão da oposição e de líderes de países da UE indignados com a convocação do referendo. A simples perspectiva de que a Grécia pudesse rejeitar a ajuda, e assim ampliar o risco de economias maiores, como as de Itália e Espanha, serem contaminadas pela crise, derrubou os mercados e provocou indignação de líderes europeus. Após a pressão, Papandreou voltou atrás e desistiu de realizar o referendo. Estima-se que 60% da população grega são contra o pacote de medidas aprovado pela dos países europeus.
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