“O Governo Brasileiro deposita as maiores expectativas em fóruns de discussão como a Copal, para construção de medidas capazes de garantir a tão desejada sustentabilidade da economia cacaueira mundial”. A declaração foi feita hoje (14), em Brasília, pelo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, ao presidir a Reunião de Conselho de Ministros da 74ª Assembleia Geral da Aliança dos Países Produtores de Cacau (Copal), no Hotel Royal Tulip.
O ministro brasileiro destacou que o País aposta no fortalecimento da organização multilateral “como forma de consolidar o consenso e ampliar a influência dos países produtores de cacau, respeitando a diversidade que nos distingue e a soberania que nos fortalece”. A Copal representa 75% da produção mundial de cacau, é composta por 10 países membros: Brasil, Camarões, Costa do Marfim, Gabão, Gana, Malásia, Nigéria, República Dominicana, São Tomé e Príncipe e Togo, tendo sido convidados a participar do evento, como observadores, a Indonésia e a Venezuela.
Convidados pelo diretor da Ceplac, Jay Wallace Mota, cada uma das delegações apresentou suas declarações. O ministro de Ghana, Mr. Anthony Fofie, disse que o cacau é um dos produtos que constituem a espinha dorsal da economia de seu país, cujo governo passou a adotar políticas apropriadas para melhoria das condições do agricultor e das regiões produtoras, através de programas que incluem controle de doenças, melhoria genética e aplicação de insumos, melhoria de práticas agrícolas, recuperação de áreas degradadas, pagamento de bônus pelo cacau de qualidade e das condições de educação, saúde e energia, o que trouxe bem-estar à vida da população.
Já o representante da Malásia, Mr. Dato Hamzah Zainundin, destacou suas preocupações com a tentativa dos países consumidores de manter barreiras e impor custos adicionais aos agricultores que em sua opinião deveriam ser compensados por preços mais altos como estímulo aos esforços que fazem para fornecer amêndoas de cacau de qualidade para produção de chocolate. “A sustentabilidade econômica tem sido discutida, mas não há benefícios justos o que coloca os países produtores em desvantagem. Além disso, a redução da velocidade da economia global pesa na oferta de preços. Precisamos de medidas que evitem mais prejuízos aos agricultores”, declarou.
O ministro Zainundin lembrou que a Copal completa em 2012 o cinqüentenário de sua criação, tendo apresentado a sugestão de que as comemorações sirvam para ampliar as reflexões que levaram a muitas conquistas e trouxeram benefícios, mas a instituição precisa ser rejuvenescida para enfrentar novos desafios, o que inclui a certificação da qualidade do cacau. O cacau contribui para a formação do Produto Interno Bruto (PIB) da Malásia com produção anual de 15 mil toneladas, mas o País do sudeste asiático tem investido fortemente na moagem que alcançou cerca de 300 mil toneladas em 2010.
O secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Célio Porto, salientou que há interesse brasileiro em compartilhar o sucesso de políticas de biocombustíveis com o etanol da cana-de-açúcar, cuja experiência no país tem mais de 30 anos. A mesma cooperação poderá ser feita na pesquisa de melhorias de produtos agrícolas, como o cacau e soja, através da Ceplac e Embrapa, respectivamente, para elevar a produtividade e a renda do produtor e garantir a segurança alimentar. Enfatizando a importância do cacau para o Governo Brasileiro, Porto lembrou que “os dois principais produtos da pauta brasileira de exportação de maior valor básico da produção no ano passado foram a soja e a pecuária, mas não têm um órgão específico do Ministério da Agricultura, como é o caso do cacau. A Ceplac é órgão do ministério dedicado à cacauicultura, sendo uma experiência que pode ser compartilhada”, sustentou.
O secretário Pedro Veloso, gerente de Programa para África e Ásia da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores, apresentou os requerimentos de cooperação e principais projetos desenvolvidos em 31 países africanos. No caso do cacau destacou o trabalho dos técnicos da Ceplac na República do Congo e na República de Camarões que neste ano alcançaram a segunda fase. Os congoleses desejam a transferência de tecnologias e instalação de unidades demonstrativas para treinar seus agricultores familiares, melhorar sementes e mudas e associação de culturas em sistema agroflorestais, enquanto os camaroneses trabalham pela implantação de uma biofábrica de cacau para distribuição de mudas.
Amanhã (15) prosseguem os trabalhos da 74ª Assembleia Geral com discussões do workshop sobre certificação e debates do comitê de administração e finanças, além de consultas para a indicação do secretário-executivo da Copal, cujo cargo está vago desde o ano passado, tendo atuado na interinidade o representante da Malásia Anuar Khabar, um dos indicados pela delegação de seu País. O Workshop é organizado pela Aliança dos Países Produtores do Cacau (Cocoa Producer’s Alliance, Copal) em conjunto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Luiz Conceição
ACS/Ceplac
Brasília/DF
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Brasil propõe à Copal ênfase na sustentabilidade do cacau
21:55:00
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