sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Ronaldo Marques
Do BOL




O design, o nome e o barulho do motor são inconfundíveis. O fusca é um dos carros mais queridos do Brasil e, possivelmente, o mais conhecido. Ele possui tantos fãs que tem até uma data especial: em 20 de Janeiro, o país comemora o Dia Nacional do Fusca.

Com uma das histórias mais compridas da indústria automobilística, o carro, concebido por Ferdinand Porsche na Alemanha da década de 30, conquistou enorme sucesso com seu desenho inovador. Seu último modelo foi produzido no México em 2003.

Volkswagen, seu nome original, não poderia ter melhor significado: carro do povo, simplificado no Brasil com o apelido de Fusca.


Para Roney Celso Ianonne, 51, engenheiro e atual presidente do Fusca Clube do Brasil, o segredo de seu sucesso é o carisma. “O fusca é carismático. Todo mundo gosta. Até jovens e crianças, que não vivenciaram o momento do fusca, são atraídos pelo modelo”.

Dono de mais de 10 fuscas, Roney comprou seu primeiro carro como colecionador em 1996, um modelo nacional do ano de 1962. Ele se apaixonou e não parou de colecionar a marca. Seu modelo mais antigo é um carro de 1951.

Mas sua ligação com o fusca vai além de suas coleções. “Eu vivi o fusca. Minha geração viveu o fusca. Ele é minha paixão e marcou minha vida. O fusca representa meu primeiro carro, minha primeira noitada, minha primeira namorada”.

E, como presidente do Fusca Clube do Brasil, Roney também pode gabar-se de outras marcas: “O clube detém o recorde mundial de maior concentração de fuscas. Por volta de 1995, conseguimos reunir mais de 2.500 veículos, recorde jamais superado por qualquer outro evento”, afirma.

Além disso, a ideia de comemorar uma vez por ano o Dia do Fusca partiu do Fusca Clube numa associação com a Volkswagen, fabricante do veículo. Em 1988, eles realizaram o primeiro evento no pátio da fábrica em São Bernardo do Campo (SP), cidade onde nasceu o carro no Brasil. A data do evento entrou para o calendário oficial do munícipio e ganhou adeptos de todo o país.

Donos de fuscas

E engana-se quem pensa que o fusca hoje é limitado aos colecionadores. A jornalista Maria Tereza Cruz queria comprar um carro para uso diário. Tinha que ser usado porque ela não podia entrar em dívida. Ajudada pelo pai e por um primo, chegou a um fusca modelo 70, motor 1.300 e da cor pérola. “Era de uma moça lá de Piracicaba (SP), que não queria vendê-lo de jeito nenhum, Meu primo tinha tentado comprar, mas a mulher não queria vender. Quando ele passou a me ajudar, ele tentou novamente... Eis que ela aceitou!”.

Depois de uma ida ao mecânico, o fusca de Maria Tereza chegou a São Paulo e ganhou um nome: “Ernesto, por causa da música do Adoniran”. E o carro chama atenção de crianças, velhinhos, todo mundo se encanta. “É bem verdade que tem gente que é o oposto: odeia! Mas, no geral, a maioria gosta, acha fofo, bonito. Escuto propostas para vender, mas não vendo de jeito nenhum”, confessa.

No final do ano, há novidade para o Ernesto. O fusca vai conduzir uma noiva ao altar. O pedido veio de um amigo. “Achei o máximo! Vai ser em Ilhabela, no litoral paulista, e espero que ele aguente a serra, senão vamos ter que rebocar”, brinca Maria.

Sobre a manutenção, Maria Tereza revela uma dificuldade: a bateria do fusca, cujo sistema de carregamento é dínamo (ou seja, se estiver muito baixa, é possível recarregá-la somente com aceleração), uma pequena diferença com os carros atuais que conseguem recarregar a bateria em ponto morto até a hora efetiva da troca.

Mesmo assim, o carro de Maria Tereza é o ‘xodó da galera’. “Não abandono o Ernesto de jeito nenhum! Ele não te deixa ficar estressado no trânsito. Não adianta ficar nervoso, ele tem o ritmo dele e você tem que se adequar”, revela.

Já para o comerciante Ronilson Barbosa, 49, morador de Niterói (RJ), o fusca é um carro que traz boas lembranças de sua vida. “Quando eu conheci minha esposa, eu tinha um fusca. Nós viajamos muito naquele veículo. Ele fez parte do meu namoro, noivado e até do meu casamento”. Na época, ele teve que vender o carro por questões financeiras, mas logo comprou outro.

“Depois de uma certa idade, você conquista tudo de bom: casa própria, filhos, esposa, um bom carro, uma moto. Neste sentido, o fusca se torna um clássico, a gente tem uma grande admiração pelo carro”. Atualmente, Barbosa é proprietário de um fusca 1980, que comprou de um cliente.

“Rodei com mais três amigos uns 600 quilômetros. Pegamos lama até o joelho e o fusca aguenta o tranco. É um carro que desbravou o interior do país; em qualquer Estado você vê um fusca. Ele sobe o morro e desce o morro. É a cara do Brasil”.

Mande sua foto

Se você também tem um Fusca, mande uma foto do carro e participe do álbum especial do BOL.
E-mail para envio: diadofusca@bol.com.br
Informações necessárias: seu nome, cidade onde mora, desde quando tem o Fusca

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