quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Vale do São Francisco começa a produzir peras, maçãs e caquis

Há quase três décadas Petrolina surpreendeu o mundo da fruticultura ao produzir uva – cultura tipicamente de clima frio – em grande escala, com alta qualidade e em pleno semiárido. Agora a região começa a surpreender novamente, graças aos avanços obtidos com o projeto de integração e avaliação de culturas alternativas para as áreas irrigadas do semiárido brasileiro, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e financiado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

O projeto busca viabilizar alternativas tomando como exemplo culturas já consolidadas no Vale do São Francisco, como uva, manga e goiaba. Os principais alvos das pesquisas são a pera, a maçã e o caqui, além de citros e outras culturas menos comuns como ameixa, rambutã, cacau e oliveira.

Hoje, poucos anos após o início dos estudos, os resultados já começam a surgir. Segundo o coordenador das pesquisas na Embrapa, Paulo Roberto Coelho Lopes, os resultados têm sido muito bons. “Apesar de ainda ser preciso mais tempo para ter um controle relacionado às pragas e melhorar o manejo, essa primeira safra nos campos experimentais já está produzindo excelentes frutos. Por conta do clima da região, com sol praticamente o ano inteiro, a fruta é bastante doce”, informa.

O primeiro a fazer testes com pera, maçã e caqui em área comercial foi Milton Bin, proprietário de lote agrícola no Perímetro Irrigado Senador Nilo Coelho. Foram mil mudas de cada fruto, com previsão de colheita para o final de 2011. “As pereiras já estão florando. Não diziam que era impossível plantar uva aqui? E, no entanto, veja hoje como estamos”, afirma Bin.

Atualmente, 97% da uva brasileira consumida no mundo é colhida nas videiras irrigadas pelas águas do rio São Francisco.

“Estamos caminhando para a validação e em busca de uma maneira de tornar possível duas safras por ano, tanto de maçã quanto de pera. Acredito que estamos no caminho certo”, destaca Paulo Roberto.

Para o superintendente da Codevasf, Luís Eduardo Frota, essa é uma iniciativa histórica.

“É um marco. É a primeira vez em toda a região que estamos produzindo essas culturas em local e escala comercial. Graças aos canais de irrigação poderemos produzir com qualidade mais uma cultura tipicamente de clima temperado. Desde que começamos as pesquisas, já destinamos R$ 1 milhão e 800 mil para esses estudos. Em 2011 serão mais R$ 400 mil, onde totalizaremos mais de R$ 2 milhões.” afirma Frota.

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