O adolescente de 13 anos admitiu nesta sexta-feira à polícia e ao Ministério Público que ligou e montou no jet ski que atropelou e matou a menina Grazielly Lames, 3, na praia de Guaratuba, em Bertioga (103 km de SP), no último dia 18.
Segundo o depoimento do jovem, um amigo também menor de idade acompanhava ele no veículo.
Ele afirmou também que teve a autorização dos empresários José Augusto Cardoso e Ana Júlia Campos Cardoso, padrinhos dele, para colocar na mar o veículo.
Uma testemunha-chave disse que o menino acelerou o jet ski de forma "repentina, violenta e total". O veículo teria empinado, quicado na água e seguido em alta velocidade até atingir a criança. A lei proíbe menores de 18 anos de dirigir jet ski.
O jet ski é propriedade de Cardoso, que é pré-candidato a prefeitura de Suzano, na Grande São Paulo. A mãe do menino confirmou que foi Cardoso quem autorizou o uso do aparelho.
A mãe disse que após o acidente foi para sua casa de veraneio, na Riviera de São Lourenço, por temer represálias da população.
O caso agora vai ser registrado como ato infracional, já que o suspeito é menor de idade. Antes do depoimento, o caso era investigado como homicídio culposo (quando não há intenção de matar).
Cardoso deve ser ouvido pela polícia nos próximos dias. A reportagem tenta falar com ele desde o início da semana, sem sucesso.
DEPOIMENTOS
Uma testemunha ouvida hoje disse que viu o caseiro levando o jet ski para a praia, contradizendo o depoimento de ontem de Erivaldo Francisco de Moura. Ele havia negado que entregou o equipamento para o adolescente.
Ainda de acordo com o advogado da família, a testemunha afirmou que viu os dois adolescentes em cima do jet ski empinado e a queda deles. Ela ainda relatou que o jet ski quase atropelou seus filhos na praia e chegou a atingir outra criança que ficou desacordada na areia antes de matar Grazielly.
O homem que veio de Mogi das Cruzes prestar depoimento disse apenas que foi relatar o que viu e não quis dar maiores detalhes.
Ontem (23) foram ouvidos a mãe, o pai, dois tios da menina e um funcionário da casa onde o garoto suspeito de estar com o jet ski estava hospedado.
"Não há nenhuma intenção da defesa de criar qualquer embaraço à apuração da verdade. Vamos trazer o garoto para ser ouvido, mas exijo o respeito que a lei dá ao menor. Esse assédio em submeter o garoto de 13 a uma situação constrangedora é absolutamente inviável", disse o advogado do adolescente, Maurimar Bosco Chiasso. Segundo Chiasso, os pais do menino devem comparecer à polícia junto com ele.
Para o advogado da família da menina atropelada, José Beraldo, os envolvidos devem responder por homicídio com dolo eventual e por omissão de socorro.
"O caseiro já informou que o proprietário da casa é o empresário José Cardoso e que os jovens haviam pego o jet ski e levado para a praia. Então houve autorização do proprietário", disse. Beraldo disse que levará uma testemunha do crime para depor amanhã.
O delegado afirmou que a princípio o caso seria de homicídio culposo (sem intenção) e que só o adolescente responderia pelo crime. O dono do jet ski responderia a primeira vista por danos patrimoniais causados.
Júnior afirmou ainda que não identificou o outro adolescente que estava com o adolescente suspeito no momento do acidente. ( Folha )
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