sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Oposição divide-se entre Serra e Aécio na Bahia


Por Caio Junqueira (Valor)

A disputa pela Prefeitura de Salvador (BA) virou o mais novo palco do embate tucano entre aliados do ex-governador de São Paulo José Serra e do senador Aécio Neves (MG). No município, a oposição articula uma frente antipetista com um candidato único que saia das negociações entre PSDB, DEM e ainda o PMDB, adversário do PT no município e no
Estado.

Ocorre que, após perderem espaço no diretório municipal e estadual de São Paulo, e no diretório nacional do PSDB, os serristas enxergam na regional baiana da legenda um dos seus últimos bastiões em todo o país e atuam para que o ex-prefeito e atual deputado federal Antonio Imbassahy seja o seu candidato.

Aécio, porém, é entusiasta da candidatura do líder do DEM na Câmara, ACM Neto, e, segundo os serristas, tem feito todos os movimentos para desbancar Imbassahy. Articulou-se com o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra
(PE), para que fosse fechado um acordo com o presidente nacional do DEM, senador Agripino Maia (RN), para que ambos os partidos estivessem juntos em quatro capitais: Aracaju (SE), Fortaleza (CE), Natal (RN) e Salvador. O acordo foi anunciado na semana passada e dele também constava que não haveria definição prévia de nomes. Os candidatos,
portanto, seriam definidos independentemente da legenda.

Entretanto, desde a realização do acordo alguns dos nomes já passaram a ser consensuais nas conversas entre as duas siglas. Caso do ex-governador João Alves (DEM) em Aracaju, do ex-deputado federal Moroni Torgan (DEM) em Fortaleza e do deputado federal Rogério Marinho (RN) em Natal.

O dissenso apareceu em Salvador, e não especificamente opondo os dois partidos. Ali, serristas trabalham por Imbassahy e aecistas por ACM Neto, que, ao lado de Rodrigo Maia, presidente do DEM à época, apoiou Aécio contra Serra na disputa interna entre tucanos.

Uma reunião para iniciar a busca de uma saída aconteceria ontem, com a presença do deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), ACM Neto, Imbassahy e o deputado Jutahy Magalhães (PSDB-BA), um dos maiores aliados de Serra em Brasília. O problema com os policiais militares na Bahia acabou, porém, por dominar a pauta. Ficou decidido que seria melhor
agendar um novo encontro para depois do carnaval, quando os efeitos políticos dos problemas na Bahia poderão ser mais bem avaliados.

Interlocutores de Aécio dizem que deve-se considerar como critério principal as pesquisas eleitorais, o que justificaria a atuação do senador por ACM Neto. O líder do DEM está à frente das pesquisas, pontuando entre 26% e 29% das intenções de voto. O deputado Nelson Pellegrino (PT) aparece em segundo, com cerca de 15%. Imbassahy (PSDB)
vem em seguida, ao redor de 9%. Além disso, afirmam que a oposição dos serristas a ACM Neto se deve mais a questões históricas de Jutahy com Antonio Carlos Magalhães do que à disputa entre Aécio e Serra.

Como contraponto, os serristas defendem que o PT só será derrotado se a oposição estiver unida, seja o candidato do DEM ou do PSDB. Nesse sentido, um eventual apoio de ACM Neto a Imbassahy alavancaria sua candidatura. Ainda mais se levar consigo o PMDB de Geddel, conforme tem sido mencionado. Por fim, Imbassahy foi um prefeito bem avaliado
por dois mandatos, entre 1997 e 2004. Jutahy defende sua candidatura e declara: “Esperamos que o PSDB nacional seja um parceiro nosso na Bahia para ajudar nosso pré-candidato Antonio Imbassahy”, afirmou ao Valor.

0 comentários:

Postar um comentário

.

.