Por Antonio Imbassahy *
Chegamos ao fim de mais um ano, que representou uma nova etapa na minha longa caminhada na vida pública. Respaldado pelos 112.630 votos obtidos nas urnas em outubro de 2010, que muito me honraram, iniciei em fevereiro de 2011 o mandato como deputado federal, passando a viver mais de perto a Brasília que Juscelino Kubistchek tão bem descreu como a "manifestação inequívoca de fé na capacidade realizadora dos brasileiros".
Foi com esse espírito desbravador e de construção que me lancei na descoberta dos mistérios do Legislativo Federal, oferecendo minha contribuição para as discussões de interesse do Brasil e, especialmente, da Bahia, razão da minha existência na política. Tivemos um ano de trabalho árduo, como oposição em uma Casa de maioria governista.
Nossa determinação foi a de fiscalizar o mais próximo possível as ações do governo, no sentido de fazer prevalentes os interesses da nossa gente. Não podemos negar que o cenário político nacional em 2011 foi marcado por escândalos de corrupção no Governo Federal, muito falatório e poucas ações práticas em prol do crescimento do País. Aliás, ocorreu o contrário, o País não cresceu nesse período.
Na Câmara dos Deputados, a base do governo que deveria estar mobilizada em torno das grandes questões nacionais, a meu ver, preferiu montar uma escolta blindada aos ministros acusados de corrupção.
Vivenciamos duros embates em Comissão, na tentativa de aprovar requerimentos de convocação para exigir que os acusados prestassem os esclarecimentos que a população brasileira merecia. Não foi em vão o esforço da minoria oposicionista, da imprensa brasileira, e das manifestações sociais. Ao todo sete ministros caíram em apenas um ano - o primeiro do mandato da presidente Dilma Rousseff -, a maioria por denúncias de irregularidade graves, além daqueles que estão na corda bamba. Essa, acredito, foi a marca do governo federal no ano que finda.
Segundo dados revelados pelos órgãos de imprensa, a corrupção drenou dos cofres públicos o equivalente a 85 bilhões de reais, 2,3% de toda riqueza produzida pelo país, enquanto brasileiros morrem nas filas do SUS à espera de tratamento. Pacientes com câncer enfrentam uma fila para tratamentos indispensáveis como a quimioterapia por até 76 dias. Para radioterapia o tempo médio de espera é de 113 dias, de acordo com dados do Tribunal de contas da União, fato que denunciei da Tribuna da Câmara, bem como o crescimento da violência em nosso estado.
Em meio a tantos desmandos, perdemos a oportunidade de debater sobre questões mais importantes para a Nação como as reformas Política e Tributária, temas que o Brasil espera há muito por soluções, todas relegadas ao segundo plano, face também à pauta imposta pelo Executivo, carregada de Medidas Provisórias.
O engessamento da oposição por uma base aliada representativa, ainda assim, não conseguiu calar o nosso bloco. Do parlamento, criticamos o aumento nos gastos com pessoal, que subiu 11,8% na comparação com 2010, consequencia do número maior de ministérios - hoje são 39 contra, os 26 do governo Fernando Henrique -, e nem por isso o governo federal se tornou mais eficiente.
Condenamos a aprovação do projeto que prevê a construção de um trem bala, ligando o Rio de Janeiro a São Paulo, que poderá ultrapassar os R$ 34 bilhões, entre outros temas.
Usamos a tribuna também para denunciar os descasos no sistema ferry-boat, colocando a vida dos passageiros em risco; o endividamento criminoso do poder público municipal para com os hospitais filantrópicos, acumulando dívidas astronômicas; o desleixo da concessionária Via Bahia com relação a BR-324, com denúncias junto aos Ministérios Públicos Federal e Estadual contra o pagamento do pedágio, até que a estrada possa oferecer condições de trafegabilidade e segurança para os seus usuários, entre tantos outros assuntos em benefício dos baianos.
Denunciamos também a perda de posição do nosso estado para Pernambuco e outros do Nordeste, na atração de grandes investimentos; o crescimento assustador da criminalidade - estamos com três importantes cidades entre as dez mais violentas do País, aliás, lideramos o Mapa da Violência, com Simões Filho, a mais violenta das cidades brasileiras, além da queda nos números do turismo.
O Estudo de Demanda do Turismo Internacional no Brasil, do Ministério do Turismo mostra que a Bahia vive um período de baixa estação, sofrendo grandes perdas, inclusive como destino de visitantes estrangeiros.
Enfim tivemos um ano de perdas tanto no campo nacional quanto no estadual. Espero que 2012 nos traga dias melhores e mais proveitosos.
Um feliz Natal e um Ano Novo pleno de realizações para todos !!
* Antonio Imbassahy é ex-prefeito de Salvador e atual deputado federal
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Artigo: 2011, um ano de denúncias e quedas de ministros
20:03:00
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