domingo, 8 de janeiro de 2012

Com verba pública, ministro tenta projetar filho em Petrolina

Bezerra destina verba da Integração para cidade onde quer eleger filho prefeito


Desgastado no Palácio do Planalto por ter privilegiado Pernambuco na distribuição de verbas federais, o ministro Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional) consolidou-se nos últimos dias como uma espécie de embaixador de Petrolina no governo federal. No município do sertão pernambucano, onde Bezerra pretende fazer o filho prefeito pela primeira vez, há poucos sinais da crise na qual o ministro mergulhou. No seu curral eleitoral, a abundância de verbas para o estado - vista como uso político indevido pelo resto do país - rendeu pontos entre aliados e eleitores.

Só nos últimos quatro meses o ministro esteve cinco vezes em Petrolina, de acordo com sua agenda oficial. Na última visita, em 20 de dezembro de 2011, Bezerra assinou 16 ordens de serviço para a modernização de áreas irrigadas no município, no valor de 35,7 milhões de reais. O reduto de Bezerra, dependente de verbas federais sobretudo em razão das secas, foi "escolhido", segundo texto do ministério, como o primeiro beneficiário do programa Mais Irrigação, que compõe a segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2).

No evento em que foram anunciadas as obras, Bezerra foi o protagonista, acompanhado do vice-governador de Pernambuco, João Lyra Neto (PSD). A cerimônia contou até com banda de forró, mas o prefeito da cidade, Júlio Lóssio (PMDB), que deve ser candidato à reeleição, enfrentando o filho de Bezerra, diz que não foi nem convidado.

Agricultores de uma das regiões que serão beneficiadas contam que pedem há quase 20 anos a pavimentação de ruas para facilitar o escoamento da produção de frutas, mas jamais haviam conseguido atenção do governo. "Isso foi prometido muitas vezes, há muito tempo, mas nunca conseguimos nada. Agora que ele (Bezerra) é ministro, vai!", comemora Inácio Fulgêncio Cavalcante, presidente da associação de moradores de Vila Esperança, no projeto irrigado N4.

Crise - Bezerra ficou na berlinda na última semana após virem à tona acusações de uso político de verbas de prevenção a enchentes. Embora não esteja na lista de regiões com maior risco de inundações, o estado de Pernambuco, berço eleitoral do ministro, recebeu 90% da verba antienchente da pasta.

O caso provocou uma crise entre PT e PSB, partido do ministro. De olho nas eleições deste ano, a presidente Dilma Rousseff atuou para esfriar os ânimos e mandou caciques petistas, que desferiram ataques a Bezerra, saírem em defesa do ministro. Na última sexta-feira, houve rumores na internet de que Bezerra deixaria a pasta. O ministro negou pelo Twitter. Na segunda, ele deve se reunir com a presidente Dilma. Na terça, pode ir ao Congresso para se explicar. O pedido foi feito pelo PPS.

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