Durante entrevista realizada nesta sexta-feira (30) o ministro da Educação Fernando Haddad, declarou que “O Brasil acordou muito tarde para a educação”, disse. A declaração foi feita na abertura do debate A Educação e a Competitividade, promovido pela revista de circulação nacional, Exame. “Há dez anos, talvez não houvesse uma mobilização social para aumentar o orçamento da educação”, disse. “Hoje, as classes empresarial e política acordaram para uma agenda que estava adormecida.”
Haddad lembrou que o País paga o preço por não ter feito nada pela educação pública, principalmente no pós-guerra. “Só agora atingimos a marca de 5,3% do PIB”, lembrou.
Segundo o ministro, nos últimos 20 anos, o Brasil construiu o mais robusto sistema de avaliação do mundo, de acordo com o ministro. “Chegamos ao luxo de ter 60 mil escolas urbanas e rurais avaliadas a cada dois anos e de divulgar esses dados, inclusive com microdados”, salientou.
O ministro disse ainda que as metas de qualidade estabelecidas começaram a ser cumpridas. “Em 2000, o Brasil estava em último lugar no Pisa [Programa Internacional de Avaliação de Alunos], em dez anos, foi o País que mais avançou.”
A questão da falta de mão de obra qualificada no País também foi abordada pelo ministro. Segundo ele, a situação seria mais dramática caso o governo federal não tivesse ampliado o número de unidades de institutos federais de educação, ciência e tecnologia e de universidades federais.
A evolução na qualidade do ensino foi alcançada mesmo diante da política de regulação das escolas particulares adotada pelo Ministério da Educação. “Muitas instituições estão sendo vendidas por pressão do sistema de avaliação”, lembrou. A situação é preocupante, admite Haddad. “Mas estamos no caminho certo; todos os organismos internacionais dão conta de que o Brasil foi o País que mais ampliou a escolaridade média do trabalhador, na faixa de 18 a 24 anos.”
O ministro reconhece que a transformação da educação pública brasileira não é tarefa simples. “Não é uma ação de governo ou de partido, mas de toda uma nação”, observou.