“O crescimento fraco do PIB brasileiro não é culpa dos EUA, da Europa, ou mesmo de uma possível falta de dinheiro por aqui. Isso acontece por falhas de gestão do governo federal, que não sabe se planejar, não investe e inibe os investidores privados”. A avaliação é do economista Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (1º) que o crescimento do PIB do Brasil em 2012 foi de 0,9%. O desempenho foi o pior registrado no país desde 2003. É também o mais fraco entre os países que compõem os Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul –, grupo das nações em desenvolvimento.
O levantamento do IBGE constatou um recuo de 4% nos investimentos realizados no país, na comparação entre 2012 e 2011. Este patamar refere-se aos atos governamentais, o que inclui a construção de rodovias e outros aparelhos de logística, e aos privados.
A queda nos investimentos é, segundo Mansueto, o fator preponderante para o “pibinho” brasileiro. O economista ressalta que, a cada ano, a contabilidade federal tem registrado patamares elevados dos “restos a pagar” – montante contemplado no Orçamento que não se executa na prática. “Ou seja, há dinheiro para ser aplicado. O que não existem são políticas adequadas para investi-lo”, disse.
E o panorama falho governamental inibe aplicações maiores dos entes privados. O Brasil tem, segundo Mansueto, uma cadeia de problemas que dificulta a elevação da produção industrial. Ele elenca entre esses fatores os elevados custos trabalhistas e tributários e também os problemas logísticos. “Perdemos tanto dos países que pagam salários baixos mas têm produção menor, como China e Vietnã, quanto daqueles em que o cenário é oposto, como a Alemanha. Nossos produtos até conseguem ser competitivos, mas apenas ‘da porta para dentro’. Quando precisam ser comercializados, esbarram nessas dificuldades e não conseguimos vender de maneira eficiente”, destacou.
“Estamos vivendo um cenário de dez anos de descaso com as questões estruturais do Brasil. E um dos frutos mais significativos disso é a perda da credibilidade perante os investidores. Não há como recuperarmos isso agora. Há um trabalho longo que precisa ser feito”, disse.
Diálogo
O deputado federal Luiz Fernando Machado (PSDB-SP) afirma que as bancadas oposicionistas precisam liderar um processo de discussão do problema, para expor à população as consequências do fraco crescimento econômico.
O deputado federal Luiz Fernando Machado (PSDB-SP) afirma que as bancadas oposicionistas precisam liderar um processo de discussão do problema, para expor à população as consequências do fraco crescimento econômico.
“O Congresso é uma ferramenta para promovermos essa discussão. Temos que esclarecer ao povo o quanto isso prejudica o dia a dia das cidades”, ressaltou.
Para o parlamentar, a situação nacional ainda não se tornou mais grave por conta dos números positivos em relação à empregabilidade. “Temos uma boa posição para o emprego, mas o crescimento fraco do PIB traz ansiedade. O governo federal tem que ser um indutor da recuperação da economia, o que não está ocorrendo”, disse.
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