G1
ROMA - A Costa Cruzeiros, companhia responsável pelo navio naufragado na Itália, anunciou nesta quinta-feira que suspendeu de suas funções o capitão Francesco Schettino, que não vai arcar com os custos da defesa dele - ao contrário do que havia sido anunciado logo após o acidente - e que vai se constituir como "parte prejudicada" no caso.
- Sem dúvida a Costa Cruzeiros sofreu um dano patrimonial - disse Marco De Luca, advogado da companhia.
A decisão deixa cada vez mais isolado o capitão, em prisão domiciliar desde terça-feira e que assumiu ter cometido o erro que causou o acidente. Schettino nega ter abandonado o navio após o naufrágio, mas os relatos de passageiros e tripulantes dizendo o contrário, assim como a áspera discussão ao telefone com a Guarda Costeira, o elevaram à categoria de vilão na Itália.
A situação do capitão — que está em prisão domiciliar, acusado de homicídio involuntário e abandono do navio — complicou-se ainda mais após passageiros afirmarem tê-lo visto jantando com uma jovem loira e bebendo vinho menos de uma hora antes do acidente, contrariando a versão de Schettino, que garante não ter ingerido álcool naquela noite. O resultado de um exame toxicológico deve sair em dez dias.
Enquanto a Costa Cruzeiros começava a entrar em contato com os passageiros para negociar as indenizações, as equipes de resgate na Ilha de Giglio continuavam as buscas pelos desaparecidos, estimados atualmente em 21. A operação deve ficar ainda mais complicada a partir de sexta-feira, quando está prevista a chegada de uma frente fria.
Jovem defende capitão
A jovem vista com o capitão é Domnika Certoman, que tem origem na Moldávia. Ela confirmou que estava com Schettino na cabine de comando. Contudo, disse que estava no Costa Concordia a trabalho, sob a função de tradutora.
A imprensa italiana informou que não havia registro - nem de passageira, nem de tripulante - de Domnika no cruzeiro. Mas a Costa Cruzeiros disse que a jovem embarcou "regularmente". A companhia se prontificou a entregar o cartão de embarque de Domnika à Justiça.
Em entrevista à uma TV da Moldávia, a loira defendeu Schettino e negou que ele tenha abandonado o navio, como todas as provas indicam até agora. Domnika disse que deixou o barco por volta das 23h40, e que Schettino continuou a bordo. A jovem descreveu o comandante como um "herói".
Ela explicou que foi por causa de sua função de tradutora que se reuniu com os oficiais na cabine de comando do navio no início do naufrágio. A Promotoria, no entanto, aposta na hipótese de que o acidente tenha sido produzido pela falta de atenção do capitão Schettino e por isso quer interrogar Domnika.
- Acredito que ele (Schettino) fez um excelente trabalho, toda a equipe está em dívida com ele. (Ele) Salvou mais de três mil pessoas - disse a mulher, contradizendo todas as provas que indicam que o comandante abandonou o navio antes dos passageiros.
De acordo com uma testemunha, a jovem também jantou com o capitão na noite do naufrágio. Schettino foi visto comendo no restaurante mais chique do Costa Concordia vestido de uniforme. O comandante teria comido e bebido vinho em abundância. Passageiros descreveram a mulher como loira, magra e bonita. Ela estaria vestindo um vestido preto sem mangas.
Em gravação, tripulação aparece negando socorro
Uma gravação, divulgada nesta quinta-feira, mostra o que seria o primeiro contato entre a capitania dos portos italiana e o Costa Concordia depois de o navio bater em uma rocha no litoral da Toscana, na sexta-feira passada. No áudio, um tripulante aparece dizendo a um oficial que a embarcação tinha apenas sofrido um “blecaute”.
A conversa começou por volta das 22h10, cerca de meia hora depois do acidente. Nesse meio tempo, muitos passageiros desesperados já tinham ligado para familiares para pedir que a polícia fosse acionada.
- Boa noite, Costa Concordia, por favor, vocês estão com problemas a bordo? - perguntou um membro da Guarda Costeira.
Um tripulante então responde:
- Tivemos um blecaute, estamos checando as condições a bordo.
O oficial insistiu, dizendo que havia recebido uma ligação de um parente de um passageiro que contou que “tudo estava caindo em sua cabeça durante o jantar”. O tripulante, no entanto, garantiu que havia sido só uma interrupção de eletricidade e prometeu manter o guarda costeiro informado.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Empresa diz ser vítima e anuncia que não defenderá capitão
21:17:00
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