domingo, 17 de abril de 2016

BRASIL: PT cobrou por obra na Venezuela, diz delator

Foto: Marcos de Paula/AE

Otávio Azevedo
Delator em processo que investiga corrupção na Eletronuclear, em que é réu, o executivo Otávio Azevedo, ex-presidente da empreiteira Andrade Gutierrez, acusou o PT de ter exigido propina pela construção de uma siderúrgica na Venezuela, em depoimento à Justiça Federal. A obra, segundo a denúncia, teria sido intermediada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o então presidente venezuelano Hugo Chávez. Inicialmente, afirmou o depoente, não houve vinculação entre o contrato obtido com suposta ajuda de Lula e o pedido. A exigência de 1% sobre o valor só teria sido feita um ano depois, pelo então tesoureiro do PT, João Vaccari.O PT, o ex-presidente e o advogado de Vaccari, preso pela Operação Lava Jato, negaram a acusação ao Jornal Nacional, da TV Globo, que obteve uma gravação da audiência.A cobrança de propinas pelo PT, de acordo com Azevedo e Flávio Barra, ex-presidente da Andrade Gutierrez Energia e também réu no processo por corrupção, remonta a 2008. Foi quando, segundo os executivos, o então presidente do PT, Ricardo Berzoini, hoje ministro-chefe da Secretaria de Governo, avisou que a partir de então a empreiteira deveria pagar 1% sobre todos os contratos que mantivesse com o governo federal, não só com a Petrobras.A exigência, disse Azevedo ao juiz Marcelo Bretas, incluía os negócios passados, o que “foi de pronto recusado”, afirmou o executivo. O processo investiga corrupção na Eletronuclear e na construção de Angra 3. Os executivos cumprem prisão domiciliar e tiveram suas delações homologadas pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF).No áudio do depoimento, obtido pela emissora, Azevedo conta que depois que a Andrade Gutierrez “conversou com o presidente Lula” ele pediu diretamente ao presidente Chávez que, na hora que ele fosse decidir, olhasse também para o Brasil”. Declara ainda que “não houve um pedido (de dinheiro) nem do presidente Lula nem posterior de nada (…).” Um ano depois, “apareceu o Vaccari fazendo então a pedida: ‘Olha, vocês têm o acordo daquele 1%, então vocês devem pagar 1% sobre a parte brasileira’”.
Estadão Conteúdo

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