Após a derrota por dois para a seleção de Portugal nesta quinta-feira (26) no estádio Mané Garrincha, em Brasília, e a consequente eliminação da Copa, o clima esquentou entre jogadores da seleção de Gana e um jornalista francês que aguardava os atletas na zona mista, antes de entrarem no ônibus e deixarem a arena.
Todos os jogadores de Gana se recusaram a falar com os jornalistas que os aguardavam no local. Quando se deu conta que nenhum atleta iria parar, o repórter francês Olivier Pron, da Radio France Internationale, vaiou o grupo. Ao ouvir a vaia, o zagueiro John Boye perdeu a cabeça, tentou voltar pelo cercado que separa os jornalistas dos atletas na zona mista e partir para cima do francês.
"Ele me insultou, ele me insultou!", gritava o jogador de Gana enquanto ia na direção do jornalista. "Ele não tem o direito de fazer isso, não tem!", dizia enquanto era contido por outros atletas do grupo. Quem conseguiu puxar o zagueiro de volta em direção ao ônibus foi o capitão e atacante da equipe, Asamoah Gyan, que balançava a cabeça lamentando o episódio.
Após desistir de bater no jornalista, Boye entrou no ônibus revoltado junto com os colegas sem dar declarações. Após isso, o ônibus foi embora e não houve mais confusão.
"Eu estou em pé aqui esperando eles faz quase uma hora, estamos todos trabalhando", disse Pron, ainda bastante assustado e desconcertado com a situação. "Faz parte do meu trabalho tentar falar com eles e do deles passar aqui e falar com a gente. Quando vi que eles iam ignorar a gente, me senti desrespeitado e vaiei, mas foi um segundo, não foi nada demais ou ofensivo", disse ao o francês. "Não fiz nada demais, ele está descontrolado".
Para Pron, o contexto em que aconteceu a derrota pode ter influenciado na reação do jogador. "Você imagina os jogadores brasileiros ameaçando não entrar em campo por causa de 100 mil dólares? ", pergunta ele. "É a mesma coisa: todos eles jogam na Europa e são muito bem pagos para isso". "Não faz sentido o que aconteceu, em um momento em que a seleção estava brigando por vaga".
Os jogadores de Gana ameaçaram não entrar em campo contra Portugal se não recebessem o "bicho" pela participação na Copa antes do jogo --- de acordo com a imprensa africana, seria três milhões de dólares, ou cem mil dólares para cada um. Eles chegaram a deixar de treinar na terça-feira (24) e a questão só foi resolvida quando um avião enviado pelo governo de Gana chegou a Brasília na noite de quarta-feira (25) com o dinheiro vivo.
As confederações de futebol recebem da Fifa uma premiação pela participação na Copa, que varia de acordo com o avanço das seleções na competição. Este pagamento é feito após o Mundial mas, com medo de calote por parte de sua confederação de futebol, os jogadores de Gana exigiram receber o valor em dinheiro antes da Copa, e ainda não haviam sido pagos. De acordo com um jornalista africano que estava no estádio, os atletas ainda não receberam a premiação pela classificação para participar da Copa, e o calote é comum no país.
Horas antes da partida no Mané Garrincha, a confederação de futebol de Gana anunciou a suspensão por tempo indeterminado dos atletas Sulley Ali Montari e Kevin-Prince Boateng por indisciplina.
A punição a Muntari foi determinada por uma agressão a um membro do Comitê Executivo da Federação de Gana, Moses Armah, na última terça-feira, dia 24 de junho. Já Boateng foi penalizado por insultos dirigidos ao treinador Kwesi Appiah durante treino em Maceió. "Desde a discussão, Boateng não mostrou nenhum remorso e, por isso, foi punido", divulgou a federação ganesa em comunicado oficial. ( UOL)
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