Bahia Repórter- O senhor é empresário. Nunca havia sido candidato. Por que o senhor resolveu agora disputar uma vaga no Legislativo Estadual?
Augusto Castro - Sempre tive um sonho muito grande e, desde adolescente, aos 15 anos de idade, militava nos movimentos estudantis. Em 1984 participei de uma campanha do ex-prefeito Ubaldo Dantas. E, aí, comecei a tomar gosto pela política. Sempre discutia política com amigos e em casa. Em 1987, em Itabuna fiz parte de uma associação de moradores e, nesta mesma época era funcionário da prefeitura de Itabuna e trabalha na Secretaria de Assistência Social. Dessa forma, criei uma relação com funcionários, amigos e o então Secretário de Saúde Dr. Alberto Lessa, Ubiratan, Zito. E eles (os secretários) falavam que eu deveria ingressar na política. Meu sonho era ser vereador da cidade de Itabuna. Sou filho de Ibicaraí, mas cheguei em Itabuna com 12 anos de idade.
Bahia Repórter- E por que o senhor não foi candidato a vereador em Itabuna?
Augusto Castro- Meu sonho era ser vereador de Itabuna, mas abri mão para apoiar um companheiro. Depois de uma eleição de vários amigos eu não tive a disposição de sair candidato. Mas aí veio outro sonho da então administração na época e acabei apoiando outro companheiro. Fiz parte da juventude nacional de PRN. Militei muito. Eu trabalhava na administração de Itabuna. Criei relações com vários municípios na Bahia. O PSDB me chamou para ser candidato a vereador em Itabuna, mas na época eu não achei interessante. Aí surgiu o nome de minha irmã para disputar uma vaga na Câmara Municipal de Itabuna e, hoje, ela é única vereadora da cidade que obteve mais de 2 mil votos em Itabuna. Depois disso, surgiu meu nome para pleitear uma vaga no Parlamento estadual. Dessa maneira, comecei a costura com os municípios a minha eleição. Fui convidado por vários partidos. Entretanto, escolhi o PSDB. Primeiro, por ser um partido conhecido nacionalmente e, segundo, por ter propostas e, terceiro, pela condição do PSDB de abrir a possibilidade de eleger um postulante com 30 mil votos.
Bahia Repórter- Por que o senhor saiu do PSDB? Qual o motivo de retornar ao “ninho tucano”?
Augusto Castro- Entrei no PSDB na sua fundação. O ex-prefeito de Itabuna, Ubaldo Dantas, foi do PSDB. Eu trabalhava na gestão dele e, acabei me filiando. Com um pouco de experiência militei no PSDB. Depois fui convidado por amigos para ingressar no PRN. Passei quatro anos na ala. Deixei o partido quando foi extinto e retornei para o “ninho tucano”. Então, conversei com o presidente do PSDB da Bahia, deputado federal eleito Antonio Imbassahy, para discutir as propostas à minha região. “Se o PSDB coliga com o DEM iria beneficiar, apenas, o DEM”
Bahia Repórter - Nessa eleição, houve muita polêmica em relação a coligação proporcional que o DEM almejava fazer com o PSDB. Qual a sua opinião sobre a decisão do presidente do PSDB, deputado eleito Antonio Imbassahy, de não coligar com o DEM?
Augusto Castro- O PSDB tomou a decisão certa. Em 2006, a legenda elegeu três deputados. Elegeu o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, deputado estadual Marcelo Nilo (PDT), Arthur Maia (PMDB), e o deputado Sérgio Passos (PSDB), que não foi reeleito. É natural que o partido trabalhe para ampliar o número de parlamentares. Na coligação majoritária – em âmbito nacional- teve a coligação com o DEM. Entretanto, na proporcional não seria interessante uma coligação com o DEM. Se tivesse feito uma coligação com o DEM, a ala não faria nenhum deputado. E conseguimos eleger dois deputados: eu e Adolfo Viana. E se o PSDB coliga com o DEM iria beneficiar, apenas, o DEM.
Bahia Repórter- Caso a coligação proporcional PSDB-DEM tivesse vingado, o senhor acredita que seria eleito?
Augusto Castro- Não. O PSDB não faria nenhum deputado. As propostas foram discutidas. O deputado federal Jutahy Magalhães e o presidente do partido, deputado federal eleito, Antônio Imbassahy, discutiram o posicionamento com o DEM. O partido trabalhou para eleger no mínimo três deputados e com a possibilidade de ampliar para quatro. Os candidatos trabalhavam e sabiam da possibilidade da eleição com votação a partir de 28 mil votos. A relação com o DEM foi respeitosa, já que o PSDB coligou na majoritária.
Bahia Repórter- Qual a opinião do senhor a respeito da ameaça democrata de não apoiar o presidenciável José Serra (PSDB) em conseqüência da não concretização da coligação proporcional DEM-PSDB?
Augusto Castro- Primeiro, ficamos sabendo pela imprensa. Segundo, acho que foi o calor da emoção, já que para conseguir uma vaga no Parlamento estadual e federal é preciso ter voto. Então, o DEM, é claro, buscou uma forma de pressionar o partido a fazer a coligação. Houve apenas rumores. Os candidatos do DEM trabalharam, sim, para a candidatura de Serra.
Bahia Repórter- Nos bastidores políticos de Itabuna há burburinhos que o senhor deverá indicar um secretário para reforma administrativa que o prefeito de Itabuna, Capitão Azevedo (DEM), pretende realizar. Qual seria a secretaria? E quem seria o indicado?
Augusto Castro- Na verdade há muita especulação na política. Existe uma relação muito boa minha e de minha irmã, a vereadora Rose Castro (PR), com o prefeito de Itabuna. A vereadora faz parte da administração do governo, já que é da base de apoio. Entretanto, ele (o prefeito) tem compromisso com outras pessoas. Mas é natural que ele (o prefeito) me convide para conversar, e, inclusive, para colaborar com a cidade em uma gestão compartilhada.
Bahia Repórter- Mas o senhor já conversou com o prefeito?
Augusto Castro – Conversamos, Mas discutimos cargos. A nossa relação é muito boa. E minha relação com Itabuna é de independência. O prefeito tem outros compromissos. Tanto com os deputados estadual e federal. Minha independência surgiu porque sou um político de origem pobre e fui eleito com ajuda de amigos. Lógico que é interessante contribuir com a administração. Se o prefeito achar interessante estaremos dispostos a somar. Nos queremos contribuir com Itabuna. Independente de secretarias ou cargos. E, caso aconteça o convite iremos procurar pessoas capacitadas para assumir.
Bahia Repórter- É verdade que o presidente da Câmara Municipal de Ibatuna, Clóvis Loiola (PPS), apoiou o senhor nesta eleição? Há rumores que ele foi ameaçado de ser expulso do partido por apoiá-lo. A informação é verdadeira?
Augusto Castro- O Clóvis Loiola foi o vereador mais votado de Itabuna. E o partido fez dois vereadores. Entretanto, houve uma pressão da legenda, já que o PPS nacional tem uma aliança com o DEM. O PPS apoiou o ex-presidenciável José Serra (PSDB). É verdade que tentei apoio, mas houve uma decisão do partido negando apoio do Loiola à minha candidatura. E, o Clóvis ficou com o partido.
Bahia Repórter- O senhor se sente aliviado de não ter conseguido o apoio do presidente da Câmara Municipal de Itabuna, Clóvis Loiola (PPS), já que ele está envolvido em vários escândalos de corrupção na cidade?
Augusto Castro- Política é política. A política de 2010 foi totalmente diferente. E a gente tenta pedir apoio a quem tem voto. A política é muito dinâmica. A gente não sabe o que acontece no dia de amanhã. Naquele momento foi um apoio que busquei. Mas estou muito tranquilo. Eu dei uma resposta independente de não ter apoio de A, B e C.
Bahia Repórter- O que o senhor acha das denuncias na Câmara Municipal de Itabuna?
Augusto Castro- Eu não estou lá em Itabuna. Mas tenho acompanhado. As denuncias precisam ser apuradas. A sociedade precisa de uma resposta. E o Ministério Público deve apurar.
Bahia Repórter- Qual será o posicionamento do senhor na Assembleia Legislativa da Bahia? Será oposição?
Augusto Castro -Eu tenho um propósito para minha região que é rica em todos os aspectos. Precisamos atrair investimentos em todas as áreas: geração de empregos, na segurança pública, na responsabilidade de Estado, na saúde e na educação, na agricultura. Hoje defendo uma bandeira para o desenvolvimento regional. Dessa forma, seria interessante cada deputado defender sua região, já que conhece a realidade. Minha bandeira é o desenvolvimento regional."O meu partido o PSDB tem uma relação respeitosa com o atual presidente da Casa, deputado estadual Marcelo Nilo (PDT). Até porque o legislador foi membro do partido e foi deputado em 2006 pelo PSDB"
Bahia Repórter - No dia 1º de fevereiro o senhor será empossado deputado estadual. E, no dia seguinte, ocorrerá a eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa da Bahia. Como o senhor analisa essa grande responsabilidade?
Augusto Castro- O Parlamento da Bahia é maduro e sabe o que quer. A Assembleia Legislativa da Bahia é uma Casa composta por 63 deputados. Cada um com sua corrente política. Começa a eleição para a Mesa Diretora. Naturalmente, as articulações políticas. O meu partido o PSDB tem uma relação respeitosa com o atual presidente da Casa, deputado estadual Marcelo Nilo (PDT). Até porque o legislador foi membro do partido e foi deputado em 2006 pelo PSDB. Dessa forma, tem uma relação muito forte com o ninho tucano. Então, temos um compromisso. Eu e Adolfo temos compromisso com Marcelo. É, é natural que Marcelo seja nosso candidato para pleitear, mais uma vez, a presidência da Casa.
Bahia Repórter- O senhor está convicto que apoiará o atual presidente da Assembleia Marcelo Nilo (PDT) à reeleição?
Augusto Castro- Estou convicto. Nossa decisão foi tomada pensando no fortalecimento da Casa Legislativa. Tomamos a decisão com o conhecimento do partido. O voto nosso é declarado.
Bahia Repórter- Comenta-se nos bastidores do Poder que o governador reeleito da Bahia, Jaques Wagner (PT), almeja conseguir em torno de 53 deputados na base aliada. O parlamento baiano é formado por 63 legisladores. O senhor fará parte dos 53 ou dos dez opositores?
Augusto Castro- A relação com o PSDB é de independência. Vamos apoiar o que for de interesse do Estado. E sempre
vamos pensar na política do Estado. "Nacionalmente, a legenda é oposição ao governo federal. E aqui na Bahia é natural que a legenda seja oposicionista"
Bahia Repórter- O presidente do partido Antonio Imbassahy (PSDB) afirmou que o senhor e Adolfo Viana farão oposição na Assembleia Legislativa da Bahia. O senhor será opositor?
Augusto Castro- O PSDB não se reuniu para tratar da linha estadual. Nacionalmente, a legenda é oposição ao governo federal. E aqui na Bahia é natural que a legenda seja oposicionista. A linha é oposição.
Fonte: Bahia Repórter